Cine Café – Filme Cavalo de Guerra homenageia o lirismo de clássicos do cinema

janeiro 25, 2012


Uma história de amor e lealdade que sobrevive através dos tempos, além de uma homenagem ao lirismo de clássicos do cinema norte-americano. Estes são os fios condutores do filme Cavalo de Guerra, do diretor Steve Spielberg, baseado no livro War Horse, do escritor inglês Michael Morpurgo, lançado em 1982. O filme foi indicado ao Oscar 2012 nas categorias de “Melhor Filme”, “Direção de Arte”, “Fotografia”, "Trilha Sonora Original", "Edição de Som" e "Mixagem".

Distribuído pela Disney/BuenaVista e produzido pela DreamWoks, Cavalo de Guerra teve um orçamento de U$ 100 milhões de dólares e foi gravado em sua grande maioria com atores britânicos. No elenco, nomes como Jeremy Irvine, Benedict Cumberbatch, Tom Hiddleston, David Thewlis, Emily Watson, Toby Kebbell, Eddie Marsan, David Kross, Peter Mullan, entre outros. Abaixo, confira o trailer:



De uma sensibilidade à flor da pele, o filme tem toda a narrativa contada a partir da visão do cavalo Joey que, desde o nascimento até a fase adulta, tem a companhia do jovem Albert Narracott (Jeremy Irvine) que o adestra e mantém uma relação sincera de amizade e companheirismo. Num determinado momento, Albert e Joey se separam e, no final da 1ª Guerra Mundial, se encontram novamente, completamente por acaso.

Apesar de ser um filme em que a 1ª Guerra Mundial é mostrada como pano de fundo em uma Europa completamente devastada pelo terror, Cavalo de Guerra vai além da violência gratuita dos filmes de guerra e consegue mostrar que o drama pode ser um artifício interessante para reafirmar para o público bons valores como a redenção, amor incondicional e fé na humanidade, características que marcam o trabalho de Spielberg.

Cavalo de Guerra é emocionante, justamente, pelo fato de Spielberg ter construído toda a linguagem do filme a partir de elementos do cinema antigo norte-americano – cerca de 60 anos atrás, fazendo com que o público delirasse se estava vendo realmente vendo um filme novo ou antigo. Mas isso não é algo ruim, muito pelo contrário: mostra o quanto elementos do cinema antigo, ainda podem conversar com o cinema contemporâneo, fundindo linguagens completamente anacrônicas.

Destaque para o trabalho do jovem iniciante ator Jeremy Irvine que construiu um personagem Albert de uma forma leve, inocente e, que ao mesmo tempo, possui uma tenacidade tão eloquente a ponto de não desistir de reencontrar o seu melhor amigo. No entanto, o maior destaque do filme é o cavalo Joey, protagonista da obra, que sensibiliza a todos apenas com o olhar. No decorrer da história, Joey teve outros vários donos e, por onde passou mudou a vida das pessoas que estavam em sua volta trazendo fé, esperança e otimismo.
Para quem curte filmes clássicos norte-americanos como “O Vento Levou” e de faroeste como “Rastros de Ódio” e “Duelo ao Sol”, Cavalo de Guerra é uma homenagem lírica e ingênua àquela poesia de belas tomadas fotográficas que Hollywood um dia deixou para trás. Mas essa releitura do cinema antigo também é presente na marcação de cenas e no gesticular dos atores, o que deixa o filme com uma linguagem bem peculiar e que, particularmente, me encantou.

Arrisco a dizer que Spielberg deveria ter ousado em lançar o filme, primeiramente, em preto e branco, trabalhando luz e sombra e, em alguns momentos de emoção utilizando filtros coloridos que dariam um tom mais emocional em algumas cenas. Mas, por mais que o filme seja à cores, não é difícil deixar de mencionar o excelente trabalho de fotografia e de trilha sonora instrumental, pontuando momentos importantes na história do cavalo Joey.

Apesar de não ser um entendedor de cinema, sou apaixonado por filmes em preto e branco, não só pela linguagem e a estética visual, mas também pelo roteiro que é mais denso e provoca o espectador pela falta de recursos técnicos da época em questão. No filme, Spielberg captou essa sensibilidade dos filmes em preto e branco, conseguindo resgatar essa nostalgia da linguagem dos filmes clássicos, num trabalho intenso de pesquisa para fazer com que o filme fosse épico e coroasse o trabalho do diretor com mais uma bela adaptação literária para o cinema. Cavalo de Guerra é um filme que emociona, provoca e, ao final, nos faz acreditar que o amor é um sentimento capaz de transformar a todos para melhor, inclusive por meio do perdão. Recomendo!




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Jornalista

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3 comentários

  1. Parabéns pela resenha, Wander. Também sou fã de filmes clássicos e fiquei com vontade de assistir essa releitura em Cavalo de Guerra. Spielberg sempre inovando, hein. Abraços

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  2. Assisti este filme no final de semana passado e não gostei muito. Achei muito melodramático...esperava mais ação. Mas depois que li a sua resenha entendi a proposta do filme.

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  3. Ei Wander! Li a sua crítica do filme e fiquei morrendo de vontade de assistir. Que isso que você não entende nada de cinema menino? Tá louco? Você deu uma aula aqui explicando a linguagem e as referências usada pelo Spielberg. Mandou super bem e aguçou a minha curiosidade. O trailer é muito bonito. Quando assisti, comento contigo. Beijos

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